A sociedade brasileira vive hoje, num estado muito parecido com o que os romanos, durante o apogeu de seu império, denominavam “panis et circencis”. (traduzido livremente aqui como "pizza e circo").
O povo assiste de camarote o espetáculo circense em brasília. Os bravos parlamentares degladiando-se em combates pirotécnicos que deixam a platéia extasiada. Alguns são atirados às feras para satisfazer a multidão ensandecida, mas é preciso algo mais para satisfazer a plebe e evitar rebeliões.
É aí que entra a criatividade do brasileiro. Juntando o circo a uma pizzaria criou-se a CPI (Circo, Pizza e Idiotas).
Como todo mundo sabe, as CPIs constituem, antes de mais nada, um grande teatro público, extremamente importante para os parlamentares, além de um “horário gratuito” extra na televisão. O grau de “sucesso” das CPIs depende da habilidade dos diretores do espetáculo.
Alguns serão cassados para que as CPIs não sejam vistas como um fracasso e passem para o grande público a idéia do dever cumprido. Não há, de fato, preocupação com “acabar com a corrupção” ou qualquer outra medida drástica. O que se tem, de fato, são as próximas eleições, o objetivo principal são os dividendos do espetáculo. Mas também desse ponto de vista, é preciso que algum resultado objetivo apareça, para que o teatro valha a pena e conte positivamente para os melhores atores. Uma CPI completamente fracassada, pega mal para os parlamentares.
Até agora, dos 19 deputados citados em relatório conjunto das CPIs dos Correios e do Mensalão enviado à Presidência da Câmara, apenas três - Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE)- tiveram seus mandatos cassados.
Por essas e outras lançamos o tema:
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Comissões, Propinas e Improbidades
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Cheiro de Pizza Inconfundível
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PS. - Uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito - é um grupo de vereadores, deputados ou senadores que se reúne para investigar alguma denúncia. Esse tipo de coisa não é exclusividade brasileira: comissões assim também existem nos Estados Unidos, por exemplo. O primeiro passo para uma CPI, você sabe, é quando os parlamentares assinam um pedido para a tal comissão acontecer. Para uma CPI rolar (ou ser "instalada", como os deputados falam), pelo menos um terço dos parlamentares precisa assinar o pedido. Por exemplo: na CPI mais falada do momento, a que apura denúncias de corrupção nos Correios, 33% dos deputados e senadores autografaram o pedido no mês passado. O passo seguinte é escolher um grupo de parlamentares para conduzir as investigações. No final, o que acontece? Muita gente acha que os parlamentares podem mandar alguém para a cadeia se a CPI o considerar culpado. Não pode, não! O produto final da CPI é um relatório, que vai servir de prova para que os órgãos do poder judiciário - a Polícia Civil, Federal ou o Ministério Público, por exemplo - possam, aí sim, punir os suspeitos. Isso pode dar a impressão de que as CPIs sempre terminam em pizza. Mas não é bem assim. Um estudo da USP que analisou CPIs entre 1946 - o ano da pioneira comissão - e 1999 mostrou que 53% das 303 CPIs instaladas foram concluídas. Uma delas foi fundamental até para derrubar um presidente. (do site: mundoestranho.abril.com.br)
Um comentário:
talvez seja meio tarde pra te avisar, mas entendo ser um conselho válido eternamente: antes de falar alguma besteira, trate de te informar melhor do assunto e não ir atrás do senso comum.
vá ler o §3° do art.58 da constituição federal, esse texto de tão fácil acesso e tão pouco interesse da população. cpis não podem cassar, pois não julgam. e mais: há todo um 'outro teatro' chamado processo judicial que garante o direito do contraditório. e todos os que se informam minimamente sabem que as cpis são uma ferramente mt importante no controle da corrupção, algo que não ocorre só no brasil e não é nenhuma novidade neste país tão novo e cheio de problemas.
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