domingo, 28 de maio de 2006

O texto abaixo está circulando na internet creditando a autoria a uma tal Maria Cândida. Pura picaretagem.
Na verdade, o texto é da Marcia Yamada, que publica uma coluna dominical no jornal Diario do Pará.
Márcia, de quem sou fã/leitor, é dessas pessoas especiais, que nos enchem de orgulho de ser paraense.

Só Paraense Sabe
(Marcia Yamada)

Tem coisas que só o paraense, seja ele de nascimento ou por adoção, sabe o que é: Passar numa esquina, e salivar só de sentir o cheiro do tucupi, ou da maniçoba, empinar papagaio do cobra; ou fazer pacientemente, com talinhas de palmeira e papel de seda, uma curica pra os filhos brincarem.

Paraense joga peteca, não bola de gude, tem seguro contra as mangas que quebram os pára-brisas dos carros, pena que não tem seguro pra cabeça, eu mesma já fui alvo delas... Paraense conhece mato, marés, conta a estória do boto, moço bonito, mas com um pitiú de peixe, mas que mesmo assim, encanta as moçoilas mais desavisadas nas noites de lua cheia, não sabe o que é pitiú? O paraense sabe!

Paraense é carinhoso, chama todo mundo de mano, mana, maninho, fica logo amigo faz almoço, jantar põe logo dentro de casa, eita povo hospitaleiro, fala se não é?
Por aqui tomamos açaí pra dormir a sesta, com farinha d’água ou de tapioca, com açúcar ou sem, com charque, pirarucu ou sem nada, só ele purinho, bom que só! Tomamos banho de rio, barrento como o Guamá ou a baía do Guajará, de rio azul transparente como o Tapajós, de Igarapé Gelado de bater o queixo de frio. Paraense, tem alto verão em julho quando a maioria do Brasil morre de frio e nós por aqui bronzeadérrimos, acentuando a beleza de nossa morenice!

Festa! É com a gente mesmo! Em todo o canto tem um violão, uma música legal, um carimbó, uma guitarrada, um treme terra, botando todo mundo pra dançar.

Paraense, quando não tem nada pra fazer, vai pra beira do rio ver o pôr-do-sol vermelho e os pôpôpôs passarem. Quando está estressado vai pra Salinas, Marapanim, Algodoal, Mosqueiro, ou outro paraíso qualquer desta terra encantada ou ata uma rede na sacada de casa e fica lá de pezinho pra fora esfriando a cabeça.

Somos índios, místicos, curandeiros, mas também, com toda esta energia de águas e mata não poderia ser de outro jeito, paraense vai no Ver-o-Peso, compra ervas, faz chá, garrafada, banho de cheiro, uma delícia!

Curas de corpo e de alma.

Ao mesmo tempo, temos o privilégio de termos as bênçãos da Nazoca, com toda intimidade que eu, como paraense, tenho para chamá-la assim: minha Santinha, que em outubro sai toda linda, fazendo todo mundo, paraense,turista, brasileiro e gringo engasgar de emoção.

Somos orgulhosos por sermos assim, essa mistura morena, brejeira e gostosa, por sermos autênticos, pela cultura que temos, por nosso sangue índio que a tantos outros se misturou e que nos faz muito, mas muito especiais!

Um domingo especial como nós paraenses e uma semana de muito trabalho, conquistas e vitórias!

Da coluna de Márcia Yamada no Jornal Diário do Pará

2 comentários:

Bel, a normal disse...

posso dizer que a maioria dessas coisas o amazonense sabe, tambem. mas de fato, sao coisas que os sulistas e sudestinos nao sabem. ;)

Bel, a normal disse...

posso dizer que a maioria dessas coisas o amazonense sabe, tambem. mas de fato, sao coisas que os sulistas e sudestinos nao sabem. ;)