terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Lei contra os estrangeirismos (The Upgrade)


O Projeto de Lei 1676, de 1999, de autoria do deputado Aldo Rebelo, que dispõe sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa, objetiva combater o uso excessivo de expressões em língua estrangeira, os chamados estrangeirismos, que, segundo Aldo, dificultam a comunicação do povo brasileiro. Dessa maneira, Com a aprovação da lei, todos os documentos oficiais do Brasil deverão ser escritos em português. E toda comunicação dirigida ao público, caso utilize palavras em outra língua, terá tradução para o português. A regra vale para peças publicitárias, relações comerciais, meios de comunicação de massa e informações afixadas em estabelecimentos comerciais. Eu como defensor de nossa "flor do Lácio" também quero meter minha colher suja de açaí e manifestar minha preocupação com a atual situação.

Não é novidade o receio de que a língua portuguesa seja engolida por algum outro idioma estrangeiro, houve uma época em que o "très chic" era falar francês. E, apesar de todas as precauções dos especialistas, a influência foi inevitável e tão natural que acabamos por adotar e "aportuguesar" algumas palavras que já foram consideradas barbarismos, como garçom, abajur, dossiê, turnê, entre outras. Hoje, devido ao domínio tecnológico, político, econômico e cultural dos Estados Unidos, a grande ameaça é o inglês. É comum e saudável que uma língua se alimente de outras. Já pensou como seria traduzir para o português palavras como samba, pandeiro, agogô, tucupi, maniçoba, surf, futebol, karatê?

O caso aqui, a meu ver, é uma questão de auto-estima. O brasileiro é levado a acreditar (como diria o Edmar, vocalista do Mosaico de Ravena, na música Belém-Pará-Brasil) que "o que é bom vem lá de fora". Isso se reflete, por exemplo, em nomes próprios (que estão se tornando cada vez mais comuns) como: Maik Liann, Istive Onder, Jonatan Katerson, Maicosuel, Rarley Deivis, Quetlen, Thuanny, Sheristone, Stefanny, Argh! No campo imobiliário Belém tem sido agraciada com vários empreendimentos cujos nomes beiram a macaquice. É um tal de, Residence, Towers, Ville, Office, River, Plaza, Maison, Village, Top, Center para todos os (duvidosos) gostos. Cada com um um "plus". Play-Ground, Lounge Bar, coffee-shop, Fitness Center e por aí vai... Quando o assunto é propaganda e publicidade, então, sai de perto...

É louvável querer defender nossa língua. Eu também quero, mas o sujeito que coloca no próprio filho o nome de Maicosuel Arlinson, vai ligar para uma lei dessas? Quem vai determinar o que é uso abusivo? Com que critérios?

A língua é, de certa forma, um espelho da alma do indivíduo, através do falar é possível saber em certos casos, de que região do país a pessoa é, de que classe social, nível de escolarização, faixa etária, sexo e muitas outras informações facilmente identificáveis em uma simples conversa. Não tem como mudar isso por decreto, apesar de não gostar dos exemplos que citei acima, eles são apenas um sintoma desse mal, não a causa. não me parece sensato querer tratar um sintoma sem cuidar da causa principal do mal, que é, a meu modo de ver, a baixa estima do brasileiro. O que nós precisamos urgentemente é melhorar a auto-estima do brasileiro através da educação, distribuir livros nas escolas, incentivar a leitura, criar formas de propagação da literatura brasileira, valorizar nossos escritores, nossa cultura, promover debates, feiras, baratear o custo dos livros, subsidiar, criar à exemplo de outros programas, um que garanta a leitura de pelo menos um livro por mês aos brasileiros. Isto sim mereceria o meu total apoio.
Uma informação: mais de 200 línguas, além do português, são faladas no Brasil: cerca de 190 línguas indígenas e 20 línguas de comunidades descendentes de imigrantes. (voltaremos ao assunto em breve)

2 comentários:

100% bricia disse...

essa noticia salvo minha nota

Anônimo disse...

Posta mais sobre isso, estou participando de um juri simulado desse tema.