Dia desses, dando uma arrumada nas gavetas, encontrei alguns papéis antigos que me fizeram viajar no tempo. Distrito de Janua-Coeli, Estado do Pará, Município de Cametá...A folha amerelada pelo tempo, tinha a incomparável caligrafia do Oficial de Registros, Sodrelino Duarte, o Sudeco. Nessa época era comum a caligrafia rebuscada, as letras desenhadas cuidadosamente, que davam aos documentos uma certa altivez.
Fernando Souza... olhando meu nome, me dei conta que não sabia o nome da grande maioria dos moradores do vilarejo onde nasci. O Sudeco era um dos poucos que sabiam o nome das pessoas do vilarejo. Muitos nem lembravam mais o próprio nome, de tanto que era chamado pelas carinhosas alcunhas. Que histórias estariam por trás desses curiosos apelidos? Qual o significado deles? Como se chamava o Bereca da venda? e o Cidico, Bagico, Bigico e tantos outros?
Alguns não gostavam de seus apelidos, o que fazia com que ele se propagasse mais rapidamente, normalmente o sujeito era "rebatizado" ainda pequeno, alguns inclusive herdavam o apelido de seus pais. Assim o filho do André Itaúba, era o Itaubinha, do Mundico, era mundiquinho...
São essas e outras metáforas que vão estar aqui regularmente, explicando em parte a intimidade que esse povo tem uns com os outros...
Por falar em intimidade Cametaense costuma chamar São Benedito de Bené, benezinho, Pretinho... também se acha com intimidade suficiente pra chamar Nossa senhora de Naza, Nazinha, Santinha...
Nomes. Quem liga pra essas pavulagens por aqui?
Depois a gente continua essa prosa...
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